07/03/2023 às 15:56 EVENTOS RELIGIOSA

O meu Carnaval 2023

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5min de leitura

Se você acha que eu passei meu Carnaval em algum bloquinho, ou na Sapucaí, ou mesmo viajando ou descansando, está bem enganado, rs.

Passei meu Carnaval trabalhando! Mas não foi qualquer trabalho, foi voluntário e bem diferente do que o mundo espera de um Carnaval. Pela terceira vez coloquei meu olhar e minhas lentes a disposição do Retiro Rio de Água Viva promovido pela Renovação Carismática Católica da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Ah Carol, então num foi trabalho...! Sim, pra mim foi! Mesmo tendo em si várias características diferentes, ainda envolve grandes responsabilidades e a necessidade de uma entrega. E neste post vou falar de vários detalhes que envolvem a cobertura fotográfica de eventos católicos. Então se você se interessa por este tema, se prepara que tem muita informação a seguir.

SOBRE O EVENTO

O RAV é um evento grande, que recebe mais de 4.000 pessoas por dia, durante 3 dias na semana do Carnaval. Um evento grande assim, acontece num local grande e com uma baita estrutura.

Por isso, para o registro em imagens é necessária uma equipe que se divide para dar conta de cobrir todo o espaço e as diversas atividades que acontecem. Neste ano, como nos outros, fiquei responsável pela fotografia do palco e frente palco, que eu diria que é uma das partes mais críticas, especialmente quando se trata de eventos católicos. Mas isso falarei mais a frente.

Acho que por essas imagens, você consegue entender o tamanho do RAV! E sim, se você achava que no Carnaval só tinha multidão nos bloquinhos, acho que tá na hora de rever suas referências, rs.

O QUE TEM DE DIFERENTE NA FOTOGRAFIA CATÓLICA?

Senta que lá vem polêmica! E digo que é polêmica porque infelizmente tem muita gente (da área) que não concorda com o que vou dizer aqui.

Eu tenho um visão muito muito definida sobre os limites da fotografia quando realizada para registrar eventos católicos. E aqui me refiro não somente a eventos com o RAV, mas mais ainda batizados, primeira eucaristia, missas, crisma, ou seja, qualquer situação onde estivermos registrando manifestações da fé católica.

Estes limites estão ligados diretamente a premissa de que Deus é o centro de tudo, e sendo assim, eu como fotógrafo devo prezar ao máximo para que a prioridade seja Ele.

E como fazer isso? Duas palavrinhas: respeito e discrição.

Respeite a fé daquelas pessoas, o que elas estão vivendo. Nada de flashes desnecessários. Antes de fazer uma foto, se pergunte: preciso dessa foto? Seja discreto. Não fique em evidência. Antes de fazer uma foto, se pergunte: preciso mesmo ficar ali lá frente do altar pra registrar esse momento? Será que consigo explorar ângulos onde eu não apareça? Tentei fazer a foto 2 ou 3 vezes e não consegui, devo insistir? Será que preciso de 50 fotos desse mesmo momento? A roupa que estou vestindo me permite circular sem chamar a atenção?

Para mim, neste tipo de fotografia não existe isso de "é fotógrafo, pode andar a vontade, ficar onde quiser, afinal tem que fotografar, né?". Muito pelo contrário. Nós devemos nos esforçar ao máximo para sermos como sombras. Registrar sem aparecer, sem interferir, sem se colocar em evidência.

Afinal de contas, sabemos bem que deve estar em destaque, não acham?

Agora imaginem considerar tudo isso mas fotografando de cima de um palco durante um evento com mais 4.000 pessoas na frente e mais não sei quantas assistindo de casa? Pois é, a missão é um pouquinho mais difícil.

Para cada momento do retiro, é preciso avaliar a melhor forma de me posicionar, tendo às vezes um pouco mais de liberdade durante os momentos de música e quase nenhuma liberdade durante as missas, palestras e momentos de oração. Também não é necessário ficar o tempo todo em cima do palco. Discrição e fazer apenas o necessário. Simples, né?

E tá tudo bem! É assim que deve ser! Afinal, em fotografia católica não vale tudo por um registro.

TRANSMITIR DEUS ATRAVÉS DE IMAGENS

Exatamente! No final das contas essa é a missão, o propósito. Não somente fazer acervo e memória, mas alcançar o coração das pessoas através das fotos.

Mas como fazer isso, considerando todos os limites que mencionei acima? Criatividade! Estudo! Prática! Paciência! Olhar atento! E jamais se esquecer do propósito. Se você deseja produzir imagens que vão além de um simples registro, deve levar tudo isso em consideração. Não é fácil, mas é na limitação que mais crescemos.

Vou colocar algumas exemplos abaixo para inspirar vocês e tentar explicar um pouco sobre como essas fotos foram feitas.

Esta foto, como muitas durante o RAV, optei por fazer em preto e branco direto da câmera. É bem diferente de quando editamos e colocamos em p/b. Além disso, usei um celular abaixo da lente e captei o reflexo dos refletores. Aqui eu estava posicionada na lateral do palco, próximo aos músicos, no meio deles. Ficar misturada nos músicos me dava alguma discrição a mais.

Mais uma foto do mesmo momento e do mesmo ângulo. Mas dessa vez baixei bem a exposição. Meu objetivo era evidenciar somente os contornos e o dourado. Usei novamente o celular para produzir um pequeno reflexo. Duas fotos bem diferentes feitas sem que eu precisasse sair do lugar.

Já nesta foto feita durante a missa, eu estava posicionada na lateral do palco, na parte da frente, bem no cantinho. Uma foto que poderia ser simples mas aproveitei as luzes ao fundo quando fiz a foto de baixo. Luzes de palco podem dar efeitos lindos se soubermos aproveitar.

Aqui uma foto feita em um momento mais livre. Cheguei um pouco mais perto do centro do palco e novamente fiz a foto mais de baixo para incluir as luzes ao fundo. Fotos com muita informação ficam interessantíssimas em p/b, a sensação é de que há uma textura diferente. O mesmo vemos na foto abaixo, onde um mar de mãos erguidas passa bem a sensação daquele momento. Na foto abaixo eu estava no cantinho esquerdo do palco, abaixada.

Ih, mas dá pra fazer foto do meio do palco? Dá sim, e nesse caso, a dica é: fotometrar muito bem antes, planejar a foto, olhar onde pisa, ser rápido e fazer tudo isso em momentos mais livres. Na foto abaixo, estávamos no início de uma palestra, as pessoas ainda se sentando, o sacerdote falando as primeiras palavras.

Ou seja, é super possível se adequar de modo a fazer registros lindos sem que você fotógrafo seja a estrela principal. E mais ainda, cada vez que você pratica sua fotografia usando esses princípios, isso te tira da zona de conforto e te faz um profissional ainda melhor.

Saí deste retiro melhor do que entrei sem dúvida alguma. É muito muito cansativo, mas também é sempre um aprendizado e um crescimento incrível.

07 Mar 2023

O meu Carnaval 2023

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